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segunda-feira, 23 de maio de 2016

O medo de atravessar a rua

 
É engraçado, e isso me ronda até hoje, apenas a lembrança, mas ficou a lição. Mas quando eu tinha 12 anos, meus pais se separaram e, nesse período, vem as visitas do papai para buscar o filho para passear, e num desses dias, quando íamos até a casa da Vó.
 Sei lá se meu pai estava
com o pensamento longe, mas quando estávamos cruzando a rua, um carro em uma velocidade mais alta bateu no carrinho que o pai tinha, nós rodopiamos, subimos uma esquina.
Depois de ir ao hospital, ver se estava tudo bem, ganhar carona da polícia, eu fiquei com medo de atravessar as ruas, esperava eternidades por medo de um carro me jogar em uma beira de esquina, e assim fiquei por alguns anos, assim como superei e me tornei um dos melhores atravessadores de rua do mundo, hoje venço desafios diariamente graças a minha coragem de atravessar ruas movimentadas e amedrontadoras, seja em Bagé, Pelotas, Rio Grande, Porto Alegre, Curitiba e São Paulo.
Pois bem, nada mudou, nesse meio tempo conheci gente, muita gente, ricos, pobres, os comuns "pobres metidos a rico", os chatos que nem eu, os inconsequentes, os GLBT, os bandidos, enfim, todo o tipo de gente, aliás, passei tantos anos observando pessoas que aprendi um bocado sobre comportamento, e tiveram pessoas que me fizeram novamente ter medo de atravessar a rua, ou melhor, atravessar suas ruas, ou vidas.
Quando piá, achava que o valentão do colégio era o tipo mais temido, os playboyzinhos maconheiros que faziam o que queriam por causa de papai, depois conheci o assaltante, depois os puxadores de tapete das empresas, os gerentes/diretores egocêntricos e prepotentes, e como o tempo passa e vou conhecendo estes tantos tipos, vou me especializando em lidar com essas criaturas.
Hoje posso dizer, o que aprendi é extremamente útil a batalha do dia a dia, e faz com que eu veja que todos são homogêneos no que diz respeito a sentir medo, a ameaça e também o contrário, o que os alenta e remedia.
Enfim, quando descobrimos que todos somos humanos cercados de interrogações e movidos por instintos, é por aí que vêmos que todos não são super humanos, mas todos podem atravessar ruas sem medo e com a habilidade de um especialista no assunto.

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