Eu achei que estava preparado para uma perda significativa em minha vida.
Achei que tinha aprendido sobre a morte com a partir de minha vó e bisavó, doces senhoras.
Mas não.
Eu não sabia que a morte podia me surpreender novamente, e que eu poderia morrer mais um pouco.
Eu tenho um amigo, talvez o meu melhor amigo, que foi um pai para mim, de enorme significado. Mas ele perdeu sua vida, e eu, um naco significativo da minha.
Era um velho turrão, sim, um velho ateu, reclamão, mas com um coração enorme, bondades inimagináveis, alguém que me ensinou muito.
Ele mostrou tanta coisa positiva que parece ser impossível descrever tudo que aprende. Foram 5 anos, sentados lado a lado, dividindo nossas vidas, problemas, cotidiano e opiniões. Brigamos, sim, muito. Mas como grandes amigos que éramos, nos perdoávamos automaticamente.
Ele começou em minha vida ensinando tudo sobre a químicas do fertilizantes, otimizações, propriedades, e sua grandiosa experiência.
Depois ensinou o que eu nunca irei deixar de valorizar, me ensinou humanidade. Logo eu, que havia saído de casa para tentar a sorte na cidade industrial, que ia tentar iniciar uma sólida carreira profissional, mas que parecia tão difícil. Eu era jovem, arrogante e pretensioso. Eu era um cara difícil e cheio de sonhos, como todo adolescente.
Ele me corrigia, me fazia andar no caminho certo, me ouvia, prestava atenção em mim, e se preocupava bastante comigo, mais do que eu achava que ele se preocupava.
Ensinou a ajudar os outros, a trabalhar em equipe, a ser responsável, e me ensinou a acreditar em meus sonhos.
Quando eu passei as maiores dificuldades de minha vida, como escolher entre ir estudar e fazer a última refeição do dia, ele me ajudou.
Quando eu quis contar a minha mãe que iria ser efetivado no duro estágio que tive, e seria recompensado, ele permitiu com que eu pagasse uma passagem a Bagé, com o dinheiro que eu não tinha, e me disse:
- Não se preocupa, daqui há um tempo tu vais ter dinheiro para me devolver e não vai nem lembrar mais disso.
Pois bem, eu lembro, e lembro de todas as lições, lembro que ele me ensinou a aturar as pessoas que falavam mal de mim pela frente, pelas costas, e me ensinou que isso é normal da vida, e vai da nossa grandeza saber lidar com isso.
Ele ensinou a aproveitar minha vida, a ir nas melhores festas, a ser um bom homem e a saber lidar com as adversidades, mesmo sendo injustas, ou não.
Ele era um grande pai, tão bom pai, que ligava até para mim para saber como eu estava, como me sentia. Ligava enganado também, pois tenho o mesmo nome de seu filho mais jovem, e por mais idiota que isso seja, me fazia sentir especial.
Eu tenho orgulho de ter feito parte de sua vida, e orgulho dele ter me chamado algumas vezes de filho, seja por brincadeira ou não.
E com toda a certeza, levo por essa vida, e até a minha morte o sobrenome que adotei graças a ele. Graças a ele, meu nome ganhou o sufixo Porciúncula de Souza.
Obrigado, Senhor Adão Amandio, o Senhor foi um Grande Amigo, um Grande Pai para mim. Te amo!
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